Algumas medicações têm influência direta na boca e nos dentes, veja quais são
Utilizar medicamentos é a maneira mais comum de garantir a qualidade de vida e sanar diversas enfermidades e necessidades do corpo, mantendo o equilíbrio do organismo. Os remédios são substâncias que fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas. Seja para aliviar uma simples dor de cabeça, ou fazendo o uso de medicações controladas, que precisam ser consumidas de forma contínua.
Entretanto, grande parte dos remédios trazem efeitos colaterais à saúde bucal e que precisam ser observados. Veja alguns deles e como estes remédios podem afetar a boca e os dentes.
Antibióticos
Existe a crença de que os antibióticos, no geral, podem causar o enfraquecimento e provocar manchas nos dentes. Essa afirmação, porém, não é completamente verdadeira. Apenas um tipo específico de antibiótico ocasiona essas reações: a tetraciclina. É indicada para tratar doenças como pneumonia, sinusite, sífilis, entre outras infecções originadas por bactérias.
O uso em excesso desta substância, unicamente nas fases de formação dos dentes, na infância e na gravidez, durante a formação do feto, é que pode ocasionar manchas e o enfraquecimento dentário. No entanto, a mucosa oral pode ser afetada pelos antibióticos, pois esses remédios alteram a microbiota bucal e provocam lesões ou alergias nesses tecidos e, inclusive, na língua. Além disso, podem diminuir a produção de saliva (hipossalivação), causando a sensação de boca seca (xerostomia) e alterar também o paladar. Esses quadros ocorrem somente quando a administração do medicamento é feita por longos períodos e de forma inadequada.
Antidepressivos
Diversos remédios que agem no sistema nervoso central podem interagir com a boca. É o caso dos antidepressivos, mas o mesmo ocorre com os ansiolíticos, opióides, anticonvulsivantes e antipsicóticos. Por serem solúveis em gordura, essas drogas penetram facilmente os líquidos e tecidos do corpo, incluindo os orais.
Entre os efeitos que podem atingir a boca estão alterações diversas na saliva, como a hipossalivação e mudanças na viscosidade e composição, tornando muito frequente a sensação de secura na boca dos usuários desse tipo de medicamento. As mudanças na composição da saliva fazem ainda com que a saúde das mucosas e dos dentes seja afetada. Eventualmente, podem levar ao surgimento de úlceras bucais e, inclusive, cáries. Com a ulceração dos tecidos, pode haver queimação bucal, deixando um gosto metálico na boca, que é um tipo de alteração da sensação do paladar, chamado de disgeusia.
Diuréticos
Outro tipo de medicamento que tem tem relação com o problema da xerostomia são os diuréticos. Estão no grupo de remédios que promovem a diminuição do fluxo salivar e, consequentemente, a xerostomia. Assim, outros problemas podem surgir, entre eles a o mau hálito (halitose) e a erosão dentária, por exemplo, e ainda dificuldades na mastigação e deglutição dos alimentos.
E como a saliva também é uma proteção natural contra bactérias, quando há a ausência dela, a boca se torna mais suscetível à ação desses microorganismos, podendo resultar doenças periodontais e as já mencionadas cáries.
Antineoplásico
As medicações antineoplásicas são utilizadas em terapias contra o câncer. São remédios usados para destruir as células malignas dos tumores, evitando que eles cresçam e se espalhem, e, frequentemente, são associados a quimioterapias e radioterapias.
Entre as complicações orais, além da sensação de secura na boa, o tratamento com estes medicamentos pode incluir a mucosite, quadro inflamatório da mucosa; infecções por fungos e bactérias; cáries de radiação, que tornam o dente extremamente frágil; trismo, que é a dificuldade temporária ou permanente de abrir o maxilar, devido aos danos aos nervos ou músculos responsáveis por abrir e fechar a boca, e ainda alterações na formação óssea dos dentes.
Anticoagulante
Os anticoagulantes são remédios que podem atingir, em especial, as gengivas. Por evitarem a coagulação do sangue, é preciso sempre informar o uso desses medicamentos ao dentista, antes de realizar qualquer procedimento de tratamento odontológico.
A prescrição desse tipo de fármaco é feita a pacientes que têm risco de trombose, que já tiveram derrames ou ataques cardíacos, entre outras condições. O principal efeito adverso é a ocorrência de sangramentos em virtude da anticoagulação excessiva. Na boca, pequenos ferimentos ou o acúmulo de placa podem ocasionar a gengivorragia, quando há sangramentos espontâneos na gengiva, e se tornar algo mais grave, contribuindo para a evolução de uma doença periodontal.
Medicamentos pediátricos
Por fim, é necessário atenção especial aos remédios ministrados às crianças. Grande parte dos medicamentos pediátricos possuem sacarose na composição, que os tornam mais agradáveis para o paladar infantil. Porém, esse tipo de açúcar, quando ingerido repetidamente e se não há higiene após a administração, principalmente, entre nos períodos de sono, contribui para o desenvolvimento de erosão dentária e aumento do potencial cariogênico. Isto é, pode resultar na ocorrência de cáries precoces na infância, portanto, os cuidados com a higienização dos dentes de leite é fundamental.
Remédios anti-hipertensivos, anti-histamínicos, anti-heméticos, broncodilatadores, dentre outros, também trazem efeitos à saúde oral. Por isso, é imprescindível que haja prescrição médica para o uso de qualquer medicamento. O especialista também será capaz de informar a respeito dos eventuais efeitos colaterais da medicação.
E você? Usa algum desses medicamentos e teve a saúde bucal afetada por ele? Compartilhe sua experiência conosco nos comentários!